Cristina Almeida
Esculturas
Metamorfoses do tempo : matéria, resíduo ferrugem (Série com 9 peças)
Texto curatorial da exposição UDESC - Cristina Brattig Almeida e Marivone Dias
A forma na arte contemporânea busca a metamorfose. Transformação da matéria. Metamorfose vem do grego μεταμόρφωσις: metamorfoses (transformação), formada pelos radicais μετα, prefixo meta, "mudar" e μορφή, sufixo morfo, "forma". Ovídio, poeta latino da Antiguidade, narra “as formas mudadas em novos corpos”. Cristina Brattig Almeida na escultura e Marivone Dias na pintura, transformam a matéria e plasmam a passagem do tempo.
Cristina, esculpindo, modela seres mitológicos, corpos e torsos, imagens que rondam seu imaginário plástico-poético. Marivone, na tela, trabalha com camadas de cores e de texturas, mimetizando tramas, folhas e outras formas em seu arsenal imagético. No detalhe de algumas esculturas e pinturas, apenas no detalhe, encontramos a matéria enferrujada. O resíduo e a ferrugem são aberturas para sentir o tempo.
Jean-Luc Nancy salienta que o que resta da arte talvez seja apenas um vestígio e levanta hipótese de que o que resta é também o que resiste mais. As duas artistas, em suas obras, atuam no intervalo, em um tempo esburacado e residual, exigindo um modo arqueológico de lidar com as falhas sísmicas e com as fraturas do contemporâneo. Giorgio Agamben, com efeito, considera que toda obra de arte é fragmento de um gesto, um vestígio, um rastro do tempo na matéria. Todo resíduo é presença diferida. O tempo dos restos é uma confluência de tempos. Matéria, resíduo, ferrugem: uma dança de formas (forças) impuras e heterogêneas.
Curadores : Sandra Makoviecky
Professora de História da Arte e Crítica de Arte – UDESC
Josimar Ferreira
Doutorando de Literatura- UFSC; Professor de História da Arte.



